segunda-feira, 11 de março de 2013

Meretrizes do Jornalismo



Já tem algum tempo que o Senhor Jornalista é desvalorizado, se não me engano, isso vem desde que nossos antepassados, talvez Homo Sapiens, exerciam a profissão. Para os leigos e desinformados, nós, comunicadores, somos pessoas privilegiadas, bem remuneradas e cobertos de brilhantismo.  O brilho em alguns casos pode até ser, mas a remuneração é uma coisa que ainda causa indignação em nossa classe como um todo. Boa parte disso se deve ao fato de que historicamente a cultura do “qualquer um pode informar” devastou a sociedade e se fez descer goela abaixo como verdade, e outra parte se deve ao fato de que nós mesmos não nos valorizamos, somos as meretrizes da comunicação.

Quando me refiro ao termo meretriz, não menciono de forma ofensiva, a maior parte delas merece respeito e são mais dignas que muitas mães de família e muitos jornalistas. Nós, comunicadores, principalmente recém-formados, somos verdadeiras putas da profissão pelo simples fato de nos entregarmos ao mercado de trabalho por qualquer preço e seguindo suas regras e preceitos estabelecidos a força.

Boa parte das meretrizes valorizam-se, especializam-se, tornam-se experientes e por fim tem seu preço, ponto final. Elas possuem seu piso salarial, caro leitor, e paga quem quer. Isso não as faz menos prestigiadas, isso as faz mais cobiçadas e valorizadas. E nós? Somos mesmo, em boa parte, putas de esquina, com pouco prestígio e quase nada de valorização. Porque as Personals Love, as especialistas do sexo, as namoradas de aluguel, são acompanhantes de luxo e se dão ao respeito. Elas tem experiência, nós também. Elas podem ser gotosas, nós competentes. Elas se dão ao valor, e nós não.

Mas essa porra nunca vai mudar se nós continuarmos a topar tudo por qualquer balela. Somos jornalistas meus caros, e devemos nos portar como tal. A queda do diploma foi para os graduados o mesmo que a queda do World Trade Center para o governo Norte Americano. Foi uma paulada na nossa cara. Você passa quatro anos sentado em um banco de universidade, estudando e custeando um bacharelado, para conquistar um diploma e nossas leis fazem uma grande fogueira, queimando todos eles juntos só pra ver subir a fumaça. Então porque não excluem este curso das faculdades e universidades já que o diploma não vale nada? Eu digo por quê. Porque nenhuma empresa que tenha responsabilidade com a informação e com o público com que se relaciona, seja esta pública ou privada, vai contratar um comunicador que não seja graduado, que não tenha competência acadêmica comprovada para tal função.

Caro amigo leitor, não precisa ser uma empresa midiática para falarmos de tal assunto. Empresa nenhuma de qualquer ramo que seja, de médio porte acima, sobrevive no mercado sem comunicação. Nenhum governante arrisca trabalhar pelo povo e não anunciar seus feitos, porque se não souberem positivamente do seu trabalho ele não se reelegerá. A sociedade vive a informação e esta é a arte que produzimos.

Os que nos valorizam devem ser também valorizados. Os que pedem o seu diploma e seu histórico com certeza não levam os filhos aos dentistas sem graduação ou compram gasolina em posto sem bandeira. Se a experiência somente basta, queria muito que liberassem meu avô para dirigir, afinal ele tem experiência de 56 anos de volante e nunca tirou a Carteira Nacional de Habilitação, mas a polícia insiste em dizer que ele está errado. Poxa vida, mas ele é um exímio motorista. Mas assim como no trânsito, no jornalismo também o uso inadequado e irresponsável da comunicação pode fazer grandes estragos.

Nunca disse que não ter diploma diferencia o bom do mal profissional de comunicação, mas difere muitas outras coisas dentro do ramo. Tem muita gente boa na área trabalhando apenas com os dias de luta e com uma bagagem nas costas. Mas isso não impede de que a classe graduada se organize e pare de aceitar tudo o que lhes é proposto. Ora, nós somos formados Senhor Mercado de Trabalho, temos nossas despesas, estudamos, nos especializamos e fazemos jornalismo não como hobby, mas como ganha pão.

Já ouvi muita gente falar que jornalismo é para qualquer um, que se você souber ler e escrever você pode ser um jornalista. Não tenho mais saco para discutir isso com pessoas retrógradas que pensam assim. Mas para sermos ao menos uma semente que visa mudar esse quadro não adianta enfiar isso na cabeça das pessoas, devemos em um primeiro momento nos valorizar, acreditar que somos merecedores, nos dedicarmos ao reconhecimento da classe e buscar conhecer nossos direitos, assim como nos desdobramos nas redações, nas edições, nos estúdios, em campo, nas assessorias ou sei lá mais em que área você atue.

Em suma devemos nos valorizar. Nosso trabalho é essencial para toda sociedade. Comunicar jornalisticamente exige responsabilidade, dedicação, ética profissional, conhecimento de causa, talento e porque não diploma. Faça seu trabalho valer á pena. Geralmente fazemos o que amamos, e nós amamos jornalismo, mas amamos também reconhecimento e valorização.

domingo, 28 de outubro de 2012

A Geração do Descompromisso


Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: ´eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também´. No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração ´tribalista´ se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...

- Arnaldo Jabor

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Maconha: A fábula do preconceito. Uma história que não pode ser contada.


Desde criança que ouço usarem a palavra “maconheiro” para fazerem referência aos marginais, bandidos e principalmente a adolescentes baderneiros e infratores. Desde menino que ouço algum desavisado dizendo que maconheiro não presta, que deveriam ser todos presos ou exterminados. Quando são, menos tolos e se julgam superiores, dizem: “coitado. Ele é assim porque não sabe o mal que a droga faz. É um viciado”. Desde criança que ouço pais de famílias afirmando que é preciso ter cuidado com pessoas estranhas, cheias de piercings e tatuagens, que podem estar vendendo drogas disfarçadas de doces na porta das escolas.



Mal sabem eles que os supostos “maconheiros” podem não estar necessariamente ligados a estas características. Mal sabem eles que o ato de fumar canabis não leva necessariamente uma pessoa a bater carteira. Ou pior, nem suspeitam que não em raras ocasiões, quem oferece um baseado ou outras substâncias para a galera são seus próprios conhecidos. Quase sempre gente que conhece a família do cara, gente de confiança. São os "caras gente boa. Os caras boa pinta”.


O preconceito é algo que está impregnado na nossa sociedade. Sinto que há uma má vontade de que descubramos algo escondido nas entrelinhas. Parece que buscam usurpar o nosso direito a informação real das coisas. A superproteção dos pais é necessária, é o papel deles. Se seus pais não te privarem das coisas ruins quem o faria? Ninguém. A proteção dos pais não é questionável. Isso é uma coisa, mas crescer e não buscar o porquê das coisas é tolice.




A população brasileira, em sua maioria, infelizmente é ignorante em relação a droga chamada popularmente de maconha, e isso é uma tristeza. A mídia e os políticos, que deveriam promover o esclarecimento da população em geral, buscam desviar o assunto ou tratá-lo somente como algo desnecessário. A justificativa é: Maconha é ruim é ponto final. É difícil explicar agora, em todas suas vertentes, algo que desde sempre foi nos enfiado goela a baixo como deturpador e destruidor de lares.


Para quebrar o mito de que a maconha é a porta de entrada para outras drogas é que se faz necessário que as pessoas busquem informações sobre o assunto, debatam o tema com maturidade e procurem ver estudos científicos que divulgam o fato. Procurem saber por que o álcool é sempre aceito pela sociedade. Porque pais de família, em muitas das vezes, não proíbem os filhos de 13 ou 14 anos a consumi-lo e incentiva desde criança o seu uso, mesmo inconscientemente, pedindo pra buscar uma caixinha de cerveja no mercado da esquina. O álcool pode ser a porta de entrada para as outras drogas e ninguém toca no assunto. Seria porque o marketing sobre o álcool é feito diariamente e todo mundo tem direito de beber umazinha? Seria porque o IPI sobre bebidas alcoólicas, um dos mais altos sob produtos industrializados, faz bem pro governo? O tabaco também pode ser porta de entrada para outras drogas e não se fala muito nisso. Seria porque as empresas do ramo geram bilhões de reais em lucro para os cofres públicos, e esses mesmos bilhões não são investidos em saúde pública no que se refere a problemas decorrentes do cigarro?



Álcool e tabaco são mais danosos, mais nocivos, mais viciantes que a marijuana e isso deve ser esclarecido. O inegável está ai, mas continuam a fazer da maconha a maior vilã. A canabis vem sendo usada em pesquisas de campo no auxílio a dependentes de crack e cocaína (relaxa e diminuí o estresse decorrente da síndrome de abstinência da química). Há anos ela vem sendo usada em vários países no tratamento de pessoas com glaucoma e nem por isso os doentes ficam viciados. Essa mesma “vilã” é coadjuvante no tratamento de pessoas com câncer (aumenta a fome e tem efeito analgésico) em vários estudos que estão dando certo e isso não é mostrado. Maconha, álcool e tabaco são drogas que podem prejudicar a saúde? Sim. Mas não necessariamente nesta ordem. O consumo vai da consciência de cada um. O preconceito também.



A legalização seria um passo importante para todo o processo. O Brasil caminha a passos lentos para tal perspectiva. Quantas crianças não seriam afastadas do tráfico? Quantas guerras entre quadrilhas rivais ou entre traficantes e polícia seriam evitadas? Quantas vidas não seriam poupadas com o fim das trocas de tiros principalmente nas periferias? Se álcool e tabaco são vendidos na conveniência da esquina e o governo agradece por isso, qual o problema de regularizar a venda também da canabis? Com a arrecadação gerada sobre o produto seria sábio investir em saúde, educação e segurança pública, em combate a corrupção e em campanhas educacionais sobre a droga. A repressão ao tráfico, que sempre existiu e sempre existirá, é de suma importância, no entanto se a maconha fosse liberada os consumidores conscientes com certeza não alimentariam o tráfico. O consumo sempre existiu e sempre existirá. Estados Unidos, Espanha e Portugal caminharam alguns passos rumo à legalização e a marginalidade e a violência resultante do tráfico caíram consideravelmente. A forma como é feita a repressão no Brasil resulta no aumenta da violência e do consumo.


Não é uma questão de defender o uso da maconha. Não é aprovar o uso da planta como opção medicinal. Não se trata de fazer apologia ao uso da droga. Isso é apenas um manifesto para que as pessoas busquem compreender melhor o que se passa a nossa volta e parem de “entender” as coisas segundo ideologias préconcebidas. Quando compreendermos que somente o conhecimento pode contribuir para o desenvolvimento humano teremos uma sociedade com ordem e progresso.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Uma crônica sobre a mulher...

Por Rogério Rodrigues
Hoje, sexta feira, 09 de março de 2012. Um dia após a data dita e conhecida como Dia Internacional da Mulher. Data esta que infelizmente tem como origem manifestações de mulheres por todas as partes do mundo, especialmente as russas quando lutaram por melhores condições de vida e de trabalho. Não gosto de pensar em uma data única, uma data imposta e baseada em fatos que sim, tiveram relevância para mudar a história da mulher em todo mundo, mas que não são únicos e exclusivos. Sabe aquela frase já manjada de que o Dia da Mulher deveria ser todos os dias? Não deveria ser. Já é.

Hoje na minha vontade de escrever sobre mulheres, talvez um tanto quanto atrasado, pensei em publicar imediatamente o que eu penso sobre elas, resumidamente, claro.

Nós, homens, independente de como sejamos, nunca alcançaremos a graça e a força de uma mulher. Como li outro dia, não querendo usar uma expressão xucra ou machista, mas “devemos tudo o que somos e o que temos a caverna sagrada, por onde entramos nesse planeta e de onde saímos para chegar até aqui”. Homem nenhum suportaria a função de dar a luz e muito menos teria a capacidade de ser algo tão majestoso como ser Mãe.

Mas ser mulher não significa somente ser mãe. Apesar de este ato só poder ser sacramentado por elas. Mulheres de todas as idades, crianças, adolescentes, jovens explodindo de estrogênio, mulheres adultas e as já na melhor idade, todas, são merecedoras de toda gratidão masculina, de nossos desejos e de nossas eternas transformações. Sim, transformações, porque tudo que fazemos ou alteramos em nós é por elas, e isso, por mais que alguns homens recusem a assumir, é algo inegável. 

Por essas e outras que as mulheres devem cada vez mais se valorizar. Não suportem machismo, não suportem violência e nem abusos, não permitam atos contra sua integridade, não estimulem a cultura da mulher objeto. Só vocês podem realmente mudar o pensamento e as atitudes de nós, homens trogloditas.

Não raras vezes penso que minha maior felicidade seria por um dia conseguir interpretar a alma de uma mulher, entender sua mente e seus anseios que na maior parte do tempo nos apresentam como algo fora da compreensão humana. Mas afinal, que graça teria? Se nós humanos somos divididos em somente duas classes, homens e mulheres, e se nossas mentes fossem compreendidas por ambos não teria mistério algum. E o que move nós homens é o mistério da alma feminina. Mulheres, vocês nunca foram o sexo frágil. Vocês sempre foram a nossa maior conquista. Nós amamos vocês.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quilombo Chico Moleque. Símbolo de resistência e autonomia em Santa Rita do Araguaia

Foto: Ascom Incra.Sede

Por Rogério Rodrigues
 
Talvez quando falamos em comunidades quilombolas a primeira idéia que vem na cabeça de muita gente seja a de uma população de negros, remanescentes de escravos e isolados da sociedade. Essa idéia a princípio é facilmente compreendida. Nosso país foi símbolo da escravidão em todo mundo, e a idéia do negro escravo que foge do domínio de senhores de engenhos e se refugiam na mata ainda permeia nossos pensamentos.

Em princípio os quilombos surgiram realmente como uma forma de se rebelar contra o sistema escravagista. Mas muitos ainda se assustam quando se deparam com a informação de comunidades quilombolas presentes e atuantes na atualidade.

Mais afinal onde estão os quilombolas?

Foto: Rogério Rodrigues/Cachoeira do Sucurí
Eis que surge em Santa Rita do Araguaia o início de um novo quilombo em pleno século XXI, passados mais de cem anos de extinção do sistema escravocrata. Neste pedaço de Goiás, próximo do Rio Araguaia e do Córrego das Perdizes residem 11 famílias que buscam preservar seus costumes e enaltecer sua identidade.

A comunidade que leva o nome de seu herói traz em suas raízes uma história de lutas e glorias. Quilombo “Chico Moleque” talvez seja o que de mais rico nosso município abriga em termos culturais, e sem sombra de dúvidas é seu maior patrimônio de história brasileira e afro descendente.

Remanescentes do Quilombo do Cedro, também localizado no município de Santa Rita do Araguaia, mas bem mais próximo do centro urbano da cidade de Mineiros-GO, as famílias do “Chico Moleque” estão conquistando agora sua independência em termos territoriais.

Há pouco mais de três anos conquistaram juntamente ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) o direito a terra. São 432 hectares divididos em 11 lotes. Ainda faltam algumas questões para que o Projeto Assentamento (PA) “Chico Moleque” esteja totalmente regularizado, mas os bons ventos já começaram a soprar a favor dos quilombolas.

Políticas de desenvolvimento para o PA Chico Moleque

No dia 25 de maio vários representantes do Governo Municipal do município e de outras entidades constituídas participaram de um encontro no PA Chico Moleque para tratarem de diferentes assuntos que visam a melhoria da condição de vida dos quilombolas.

Foto: Rogério Rodrigues/Reunião no PA Chico Moleque
Tânia Salgueiro, Secretária de Promoção Social de Santa Rita do Araguaia e uma das idealizadoras da reunião, falou aos assentados sobre a importância de se cadastrarem junto a secretaria de assistência social e de comprovarem sua moradia no município, enfatizou ainda “eles tem direito, assim como toda população, de participarem das políticas públicas de assistência social e educação, por isso devem se cadastrar, só assim poderão comprovar sua filiação junto ao município.”

Um dos pontos altos da reunião foi o interesse do Governo Municipal de incentivar os quilombolas de participarem ativamente da Feira Municipal. Se concretizada a ideia, os assentados pederão optarem por mais um dia de feira livre durante a semana para que a população não fique somente dependente dos sábados, quando tradicionalmente a feira funciona. Desta forma os quilombolas poderão ampliar a renda familiar inserindo aindfa mais seus produtos e costumes na sociedade que muitas vezes é desprovida de informação destas comunidades.

A incorporação de cooperativas no desenvolvimento da comunidade

A formação de associações e cooperativas pode  influenciar diretamente na renda e no desenvolvimento do Quilombo Chico Moleque. O Governo Municipal pode adquirir de produtores rurais que se adequam às especificidades da Agricultura Familiar alimentos para suprir a demanda da merenda escolar nas escolas municipais. Produzindo respaldados nas vantagens das cooperativas os quilombos podem fornecer hortifrutigranjeiros de qualidade que serão adquiridos com facilidade pelo governo e comercializados facilmente na zona urbana.

Por lei trinta por cento de toda demanda da merenda escolar do município deve ser oriunda da Agricultura Familiar. O Governo Municipal demonstrou na ocasião o interese de adqurir uma porcentagem bem maior desses gêneros alimentícios.

A legalização das terras do quilombo Chico Moleque

O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Clovis Assis, está fazendo um trabalho em prol da regularização definitiva das terras do assentamento e crê que ainda no ano de 2011 o quilombo estará regularizado, junto a todas as instâncias necessárias que abordam a legalização territorial brasileira.

Foi principalmente com a Constituição Federal de 1988 que a questão quilombola entrou na agenda das políticas públicas. Fruto da mobilização do movimento negro, o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) diz que:

“Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos.” 

Parceiros

As propostas de investimentos e ampliação de renda atrelada ao apoio técnico já começaram a surgir. Na oportunidade o Banco do Brasil, através do gerente da agência de Alto Araguaia, Evandro Bohrer apresentou o DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável. O plano do DRS é apoiado pelo Governo Federal e a partir do próximo semestre as taxas de juros para a agricultura familiar cairão de 4% ao ano para 0,5 a 2% ao ano.

O SEBRAE é um dos parceiros do Quilombo Chico Moleque. Com o PAIS - Produção Agroecológica Integrada e Sustentável o SEBRAE objetiva melhorar a qualidade de vida e proporcionar sustentabilidade para as comunidades atendidadas, estimulando a prática da agricultura orgânica.

Foto: Rogerio Rodrigues/Galinheiro Mandala construído no local
O representante do SEBRAE Ademar Neto, explica que “No PA já existem famílias que construíram técnicas de produção embasadas no PAIS e recebem nosso apoio estrutural e técnico. É o caso do Miguel Cruz de Moraes, quilombola que está construindo um galinheiro apoiado neste projeto”.


Quilombo - símbolo de resistência e autonomia

Os quilombolas, sejam de Santa Rita do Araguaia ou das outros 2 mil quilombos espalhados pelo território brasileiro, não pertencem somente ao nosso passado escravista. Tampouco se configuram como comunidades isoladas, no tempo e no espaço, sem qualquer participação em nossa estrutura social.

Fonte/nosrevista.com
Ao contrário, as comunidades quilombolas mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal desde 1988.

O que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia. O que define o quilombo atualmente é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre.

Cabe ao município apoiar a regularização destas terras, visando maiores possibilidades a estas comunidades que com os títulos territoriais em mãos poderão ampliar o investimento em suas terras, gerando maior renda familiar e consequentemente qualidade de vida. Com as políticas públicas garantidas os quilombolas exerceram o pleno exercício da cidadania.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Couto Magalhães recebe apoio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Goiás

Por Rogério Rodrigues

Representantes políticos de Goiás e Mato Grosso reunidos com Secretário de Meio Ambiente

Mais um passo foi dado em direção a construção da Usina Hidrelétrica de Couto Magalhães. Representantes políticos de Santa Rita do Araguaia – GO e Alto Araguaia – MT foram recepcionados na última semana pelo Secretário de Meio Ambiente do Estado de Goiás, Leonardo de Moura Vilela.

Dentre os participantes, e consequentemente maiores interessados no assunto, estavam o Prefeito de Santa Rita, Carlos Salgueiro e a Vice-Prefeita de Alto Araguaia, Zaida Maria David de Rezende.

A pauta da reunião, realizada no Palácio Pedro Ludovico, em Goiânia, foi a construção da Usina Couto Magalhães, assunto que interessa tanto ao Estado de Goiás quanto a Mato Grosso, pois a construção da Hidrelétrica, se concretizada, será no Rio Araguaia, limite entre os dois estados, gerando benefícios de arrecadação para os dois municípios.

O Secretário Leonardo Vilela demonstrou-se favorável a construção da usina e enfatizou o apoio da Secretaria do Meio Ambiente, priorizando o processo, tornado o aproveitamento energético de Couto Magalhães uma possibilidade breve.

No fim do ano de 2010 o Governo Municipal de Santa Rita do Araguaia conquistou no Palácio das Esmeraldas o apoio do atual Governador do Estado, Marconi Perillo, que incentiva o Aproveitamento Hidrelétrico de Couto Maagalhães.

Entenda Couto Magalhães

O projeto original tem suas origens em meados de 1963, quando o então Governador de Goiás, Mauro Borges, criou a CIVAT - Comissão Interestadual dos Vales do Araguaia e Tocantins, com a finalidade de estudar o aproveitamento energético daqueles rios. No ano seguinte, após o golpe de estado, Borges foi cassado, a CIVAT extinta, e o sonho da usina perdeu um de seus maiores defensores.

Em 1976, por iniciativa do Estado de Mato Grosso, a Eletronorte projetou a barragem de Couto Magalhães, planejada para ser a primeira de três hidrelétricas no complexo Alto e Médio Araguaia - Barra do Peixe e Torixoréu seriam as outras. Quando saiu do governo, Garcia Neto, então governador do estado, deixou US$ 200 milhões alocados para a construção da Couto Magalhães. Infelizmente, por razões desconhecidas e inexplicáveis, Mato Grosso acabou perdendo esses recursos.

Para atender às determinações do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o consórcio responsável pela obra desenvolveu uma revisão do projeto, compatibilizando aspectos ambientais e técnicos. O projeto atual prevê um reservatório cinco vezes menor que o anterior.


O Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Couto Magalhães foi incluído recentemente no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal, e deverá ser implantado nos próximos anos, no trecho do Alto Rio Araguaia, a cerca de 90 km da nascente, nos municípios de Alto Araguaia (MT) e Santa Rita do Araguaia (GO).

O que muda para os dois municípios

O projeto prevê a construção de uma barragem sobre o rio Araguaia, com 918 metros de extensão, 500 metros acima da Cachoeira Couto de Magalhães e deverá ocupar uma área 9,11 quilômetros quadrados na zona rural. A previsão de investimentos é de R$ 245 milhões, com a geração de 800 empregos diretos e produção de 150 megawatts.

Cachoeira de Couto Magalhães
Além dos empregos, a atração de investimentos do Estado em infra-estrutura e serviços públicos essenciais, bem como a implantação de empreendimentos agroindustriais na região, serão conseqüências naturais. Vale ressaltar o considerável aumento da arrecadação dos municípios compreendidos na área de influência da hidrelétrica.

Prevista para ser concluída em cinco anos a o Aproveitamento Hidrelétrico de Couto Magalhães já passou por duas audiências públicas em 2010, realizadas pelo IBAMA, nos dois municípios, onde foi esclarecida a população aspectos como impacto ambiental, produção de energia, geração de empregos e renda, investimentos públicos dentre outros.

Nos últimos anos muito se falou em “Usina Couto Magalhães”, mas o fato é que a população ainda não sabe ao certo se a obra será ou não uma realidade. Enquanto alguns defendem a instalação hidrelétrica no Alto Rio Araguaia a todo custo outros repudiam a obra, julgando-a devastadora. Não fecho nem com uma parte nem com a outra. Acredito que a análise dos benefícios verídicos a população e ao Estado somada a perícia minuciosa dos impactos ambientais trarão a solução adequada.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lixo mal depositado gera transtorno em Alto Araguaia

Por: Lavousier Machry

Por: Lavousier Machry - Lixo próximo a Feira Municipal
Caminhar pelas ruas é rotina de muitas pessoas em qualquer lugar do País. É através da caminhada que se conhece ou se explora novas localidades dentro do próprio perímetro urbano. Em Alto Araguaia (sul de Mato Grosso), é comum ver dezenas de pessoas utilizando-se desta prática como exercício diário ou mesmo para ir ao supermercado, ao trabalho. Essa rotina, porém, está se tornando nada agradável aos olhos, visto que em alguns terrenos o lixo está se incorporando ao ambiente.

Em algumas ruas e até mesmo avenidas, o lixo está tomando conta destes terrenos. Na Rua 15 de Novembro (foto), um terreno situado entre a Feira Municipal e o Sine (Sistema Nacional de Emprego) vem se tornando ponto de referência quando o assunto é depósito lixo. O material depositado no local vai de garrafas pet a bobinas de papel. Na própria feira, existe um contêiner para que o lixo seja depositado, mas alguns moradores preferem jogá-lo no terreno.

A prefeitura local vem cumprindo com seu papel fazendo diariamente a coleta de todo lixo produzido na cidade. O problema não está apenas na Rua 15 de Novembro. Muitos outros pontos da cidade servem indevidamente de depósito de lixo doméstico. Todo este lixo agride a natureza e traz riscos a saúde. Alguns moradores, que não quiseram se identificar, dizem que em muitas ruas veêm pessoas jogando lixo em locais impróprios. Uma dona de casa disse estar preocupada com o lixo acumulado. Além de esconderijo para animais peçonhentos, pode acumular água e facilitar a reprodução do mosquito da dengue.

Lixo, uma questão de saúde pública
Além de causar aspecto nada agradável à cidade, o lixo depositado indevidamente também serve de criadouro para larvas do mosquito da dengue. Além disso, pode servir de depósito para outras doenças como a leptospirose, o tétano, febre tifóide, cólera, esquistossomose e até mesmo malária. A maioria destas doenças tem como agentes causadores os protozoários, bactérias e vírus que são encontrados nestes depósitos clandestinos.

Lugar de lixo é no lixo
Em âmbito nacional os dados são o espelho da realidade. No Brasil, segundo o site vestibular1.com, cada brasileiro produz em média, meio quilo de lixo por dia. Do montante, 76% dos 70 milhões de quilos produzidos por dia, são lançados a céu aberto; somente 10% é levados para lixões controlados; 9% para aterros sanitários e apenas 2% de todo material produzido é reciclado.