Já
tem algum tempo que o Senhor Jornalista é desvalorizado, se não me engano, isso
vem desde que nossos antepassados, talvez Homo Sapiens, exerciam a profissão. Para
os leigos e desinformados, nós, comunicadores, somos pessoas privilegiadas, bem
remuneradas e cobertos de brilhantismo.
O brilho em alguns casos pode até ser, mas a remuneração é uma coisa que
ainda causa indignação em nossa classe como um todo. Boa parte disso se deve ao
fato de que historicamente a cultura do “qualquer um pode informar” devastou a
sociedade e se fez descer goela abaixo como verdade, e outra parte se deve ao
fato de que nós mesmos não nos valorizamos, somos as meretrizes da comunicação.
Quando
me refiro ao termo meretriz, não menciono de forma ofensiva, a maior parte
delas merece respeito e são mais dignas que muitas mães de família e muitos
jornalistas. Nós, comunicadores, principalmente recém-formados, somos
verdadeiras putas da profissão pelo simples fato de nos entregarmos ao mercado
de trabalho por qualquer preço e seguindo suas regras e preceitos estabelecidos
a força.
Boa
parte das meretrizes valorizam-se, especializam-se, tornam-se experientes e por
fim tem seu preço, ponto final. Elas possuem seu piso salarial, caro leitor, e
paga quem quer. Isso não as faz menos prestigiadas, isso as faz mais cobiçadas
e valorizadas. E nós? Somos mesmo, em boa parte, putas de esquina, com pouco
prestígio e quase nada de valorização. Porque as Personals Love, as
especialistas do sexo, as namoradas de aluguel, são acompanhantes de luxo e se
dão ao respeito. Elas tem experiência, nós também. Elas podem ser gotosas, nós
competentes. Elas se dão ao valor, e nós não.
Mas
essa porra nunca vai mudar se nós continuarmos a topar tudo por qualquer
balela. Somos jornalistas meus caros, e devemos nos portar como tal. A queda do
diploma foi para os graduados o mesmo que a queda do World Trade Center para o governo Norte Americano. Foi
uma paulada na nossa cara. Você passa quatro anos sentado em um banco de
universidade, estudando e custeando um bacharelado, para conquistar um diploma
e nossas leis fazem uma grande fogueira, queimando todos eles juntos só pra ver
subir a fumaça. Então porque não excluem este curso das faculdades e
universidades já que o diploma não vale nada? Eu digo por quê. Porque nenhuma
empresa que tenha responsabilidade com a informação e com o público com que se
relaciona, seja esta pública ou privada, vai contratar um comunicador que não
seja graduado, que não tenha competência acadêmica comprovada para tal função.
Caro
amigo leitor, não precisa ser uma empresa midiática para falarmos de tal
assunto. Empresa nenhuma de qualquer ramo que seja, de médio porte acima, sobrevive
no mercado sem comunicação. Nenhum governante arrisca trabalhar pelo povo e não
anunciar seus feitos, porque se não souberem positivamente do seu trabalho ele
não se reelegerá. A sociedade vive a informação e esta é a arte que produzimos.
Os
que nos valorizam devem ser também valorizados. Os que pedem o seu diploma e
seu histórico com certeza não levam os filhos aos dentistas sem graduação ou
compram gasolina em posto sem bandeira. Se a experiência somente basta, queria
muito que liberassem meu avô para dirigir, afinal ele tem experiência de 56
anos de volante e nunca tirou a Carteira Nacional de Habilitação, mas a polícia
insiste em dizer que ele está errado. Poxa vida, mas ele é um exímio motorista.
Mas assim como no trânsito, no jornalismo também o uso inadequado e
irresponsável da comunicação pode fazer grandes estragos.
Nunca
disse que não ter diploma diferencia o bom do mal profissional de comunicação,
mas difere muitas outras coisas dentro do ramo. Tem muita gente boa na área
trabalhando apenas com os dias de luta e com uma bagagem nas costas. Mas isso
não impede de que a classe graduada se organize e pare de aceitar tudo o que
lhes é proposto. Ora, nós somos formados Senhor Mercado de Trabalho, temos
nossas despesas, estudamos, nos especializamos e fazemos jornalismo não como
hobby, mas como ganha pão.
Já
ouvi muita gente falar que jornalismo é para qualquer um, que se você souber
ler e escrever você pode ser um jornalista. Não tenho mais saco para discutir
isso com pessoas retrógradas que pensam assim. Mas para sermos ao menos uma
semente que visa mudar esse quadro não adianta enfiar isso na cabeça das
pessoas, devemos em um primeiro momento nos valorizar, acreditar que somos
merecedores, nos dedicarmos ao reconhecimento da classe e buscar conhecer
nossos direitos, assim como nos desdobramos nas redações, nas edições, nos
estúdios, em campo, nas assessorias ou sei lá mais em que área você atue.
Em
suma devemos nos valorizar. Nosso trabalho é essencial para toda sociedade.
Comunicar jornalisticamente exige responsabilidade, dedicação, ética
profissional, conhecimento de causa, talento e porque não diploma. Faça seu
trabalho valer á pena. Geralmente fazemos o que amamos, e nós amamos
jornalismo, mas amamos também reconhecimento e valorização.
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