sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nem tudo é samba, café e futebol


Estamos todos acostumados a assistirmos de quatro em quatro anos os jogos da Copa do Mundo de Futebol, e claro, alguns meses depois testemunharmos o horário eleitoral gratuito e obrigatório. É caros leitores, chegou a hora, nem tudo é samba, café e futebol. Morrer de rir no horário eleitoral não é coisa tão incomum para os que prestam atenção nas propostas milagrosas que são lançadas ao vento. Mas votar é um dever, essencial para exercermos nossa cidadania.


Temos que ter a consciência de que o voto talvez seja a maneira inicial de mudar o lugar onde vivemos. O aperto de Mão e o tapinha nas costas do candidato que visita sua cidade em época de eleição não passa nem perto de ser suficiente para que ele seja merecedor de seu voto, é preciso muito mais, é indispensável analisar seriamente propostas e o histórico do candidato, não só na vida pública, mas também na vida pessoal. Alguém que não consegue administrar sua própria vida, e tem a ética fora do seu dicionário, não pode representar você na Presidência, no senado, na Assembléia Legislativa e nem como secretário do Grêmio estudantil.

Os dizeres de que “O futuro do nosso país está em suas mãos”, tem lá seu lado verdade. É claro que não podemos fazer muito depois que elegemos um candidato, além de fiscalizar seu trabalho. Mas lembre-se caro eleitor, a parte verdade está nas entrelinhas, somos nós que elegemos os representantes. É bom que prestemos atenção nas propostas políticas assim como nos dedicamos a assistir um jogo do Brasil em tempos de copa. Talvez a seleção que você convoque este ano nas urnas possa fazer mais por nosso país.
Por: Rogério Rodrigues

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Crônica do destino

Vejam só como é a vida, em “tom de acaso” ela nos prega peças que nos surpreendem. Ontem, logo pela manhã, quando adentrei na TV Jataí para mais um dia de estágio, subindo as escadas para cumprimentar a equipe da televisão, antes do término dos degraus, dou de cara com a Fabélia, repórter e apresentadora da TV Jataí. Minha intenção de dar um bom dia a todos foi interrompida ali mesmo: fui convidado pela repórter para fazermos uma matéria sobre a vida de pessoas na terceira idade que moram sozinhas. Descemos as escadas antes mesmo que eu as vencesse em sentido oposto.
 
Entramos no carro de reportagem, eu, a Fabélia, e o câmeraman Joãozinho, e nos dirigimos à casa de uma senhora de quase oitenta anos, que mora, sozinha, antes passando por uma panificadora onde a repórter comprou uma dúzia de pães de queijo, cumprindo uma promessa que havia feito à senhora, de que a entrevista seria acompanhada por um café da manhã. Logo ao chegarmos à humilde casa de dona Dulce nos adentramos, o portão estava aberto, e só fomos bater palmas quando já estávamos na área de serviço.

Dona Dulce foi receptiva como uma matriarca que mata a saudade da família que há tempos não aparecia. Não tínhamos nenhum grau de parentesco, mas naquele momento era o que representávamos para ela. Após termos nos acomodado, a repórter, sempre muito falante, começou a perguntar coisas relacionadas ao cotidiano de dona Dulce, que levava a prosa em perfeita harmonia, só ficando um tanto desconfortável quando ora e outra dirigia seus olhos curiosos em direção à câmera, que até então se encontrava desligada por falta de bateria. No momento em que a simpática senhora dirigia seu olhar ou seu sorriso a mim, uma espécie de sexto sentido se faz presente, algo me chamava atenção naquela mulher.

Pelo andar da carruagem, a entrevista seria bem sucedida, já que dona Dulce correspondia bem a nossa empolgante curiosidade sobre sua vida. Em um dado momento da conversa, ouço-a dizer o seu sobrenome, Rodrigues, e, coincidência ou não, meu sobrenome também é Rodrigues, depois mencionou o nome de um de seus filhos, Elmínio. Neste momento um fato do passado se fez presente em minha memória, no passado uma de minhas tias trabalhava para um moço com este nome, e Elmínio não é um nome tão comum na cidade de Jataí.

Depois de alguns minutos de conversa, e um saboroso café que aromatizava toda casa, a repórter anunciou que a entrevista começaria, agora logicamente com a câmera em condições de uso. Dona Dulce se mostra pronta, mas um pouco nervosa. Com o papo fluindo entre repórter e entrevistada, eu tentava voltar minha atenção as técnicas usadas pelo câmera e pela própria repórter na construção de uma entrevista, mas o papo agradável me colocou na posição de espectador. Com a abordagem de assuntos como experiência de vida, solidão, dia-a-dia, aposentadoria, (benefício este que dona Dulce conta há vinte anos), eu fui me distraindo com a conversa e observando o semblante daquela senhora que não esconde em sua face suas várias primaveras vividas.

Ao fim da entrevista, com a câmera desligada e jogando conversa fora, comento com dona Dulce sobre minha tia que provavelmente havia trabalhado para seu filho Elmínio. Ela pergunta o nome de minha tia, no que prontamente respondo; Nedina. Surpresa ela me diz que Nedina é sua sobrinha. A partir deste momento talvez aquele sexto sentido começasse a ter lógica. Dona Dulce me pergunta de quem sou filho, quando a respondo que Maria Helena é minha mãe, ela prontamente diz antes mesmo que eu terminasse a frase, “Eu sou sua tia-avó, sou irmã do seu falecido avô Juca!” Naquele momento lhe pedi sua benção e nos demos um abraço, percebi que dona Dulce, minha tia-avó, estava com os olhos banhados em lágrimas, mas com um sorriso nos lábios, confesso que também fiquei emocionado, agora percebia que seus traços físicos eram idênticos aos do meu avô Juca, pai de minha mãe. Vó Dulce convidou para que a visitasse sempre que possível, e que levasse minha família.

Além de cumprir com o dever de estagiário, ganhei uma “avó” que nem sonhava existir. Será coincidência? Destino? Não sei definir tal situação. Sei que valeu a pena seguir o que considerei sexto sentido, os minutos que conversamos foram suficientes para fazer meu dia bem melhor.

Por: Rogério Rodrigues

Diamante de Sangue


O filme Diamante de sangue (Blood Diamond) tem como cenário Serra Leoa, no final da década de 90 ao meio de sua guerra civil. Seu contexto é voltado à grave problemática do contrabando de diamantes na África, muitas vezes feito pelos próprios africanos participantes de frentes revolucionárias, que usam o lucro para a obtenção de armas a fim de derrubar os governos opressores.
Edward Zwick, que dirige Diamante de Sangue, é um diretor bem conceituado, já conduziu os tão aplaudidos O Último Samurai e Tempo de Glória e mais recentemente Nova Yorke Sitiada, que não chegou a ser um sucesso de bilheteria, agora, com este longa que trata de um assunto merecedor de atenção, não está na lista dos piores nem dos melhores, mas nem por isso deixa de ser indicado, além de ser um filme muito correto, tem um roteiro interessante e atores que brilharam na interpretação.
O desenrolar do filme se da a partir do momento em que Solomon Vandy, vivido pelo ator Djimon Hounsou, encontra um grande diamante rosa, que são os mais valiosos do mundo e Danny Archer interpretado por Leonardo DiCaprio, ouve sobre o ocorrido na prisão e tenta a qualquer custo aproximar-se de Solomon para ter em mãos o diamante jurando em troca ajudar a encontrar sua família que fora separada pelas frentes revolucionárias.
O roteiro trás ainda a atriz Jennifer Connelly que vive a jornalista americana Maddy Bowen, que busca desvendar a verdade por trás dos diamantes de sangue. O encontro de Maddy e Danny tem um tom de romance, que não se desenrola e serve apenas para temperar o filme.
O longa tem muitas coincidências, deixando-o um pouco pobre e previsível. Outra falha é a não preocupação em mostrar os porquês da guerra, tocando em assuntos tão relevantes como o exército de crianças de forma muito pouco profunda. Seu foco sendo a extração e comercialização dos diamantes de forma ilegal, tenta demonstrar uma atitude consciente, mas deixa a desejar na temática política. Os dois aspectos que se destacam na obra são as cenas de ação, que se mostram bem construídas, com imagens intensas e efeitos de desorientação aparentando uma filmagem imediatista de um real conflito, e o próprio cunho político, que tenta direcionar os olhares do mundo para os povos africanos.
Chaini Rosso